A GRAMA NO CONTEXTO URBANO DE BELO HORIZONTE
Kianne Gomes
A grama no contexto urbano apresenta diferentes estados e funções. A principal função da grama é a cobertura e proteção do solo, mas a grama também é utilizada como forma de manter a permeabilidade do solo e como ornamentação paisagística.
Os tipos mais comuns de grama encontrados em Belo Horizonte são a grama Esmeralda, que tem maior proporção, a grama São Carlos e a grama Amendoim. Esses tipos de grama se multiplicam pelas diversas tipologias de espaços da cidade, como praças, parques, jardins, canteiros centrais, espaços residuais, entre outros.
Além das categorias de espaços têm-se também as categorias morfológicas dos espaços gramados como: os taludes e os campos. Essas categorias podem provocar diferentes resultados espaciais e sensoriais na cidade. Em visita realizada à área de estudo, a Avenida Antônio Carlos, vê-se muitas área residuais, que foram incorporadas à paisagem de maneira forçada e que não apresentam função estabelecida na cidade.
ESTUDO DE CASO
O local escolhido para analisar a grama, no contexto de Belo Horizonte, foi a Avenida Presidente Antônio Carlos, na região Noroeste de Belo Horizonte. A Avenida foi duplicada para implantação do BRT, em razão da Copa do Mundo de 2014. Como resultado das obras ficaram inúmeras áreas gramadas em um cenário nada familiar ao moradores da região. Os gramados, que hoje ocupam a área, são cicatrizes da grande transformação ocorrida ali, o que faz da Avenida um interessante estudo de caso.
As ilhas de grama, formadas a partir da obra de duplicação da Avenida, são resultado da retirada de muitas edificações. Imagens mostram a evolução da paisagem num período de 13 anos. Em menos de uma década e meia a transformação sofrida é impressionante.
Para viabilizar a duplicação, o cenário da Avenida foi completamente alterado, passando por tranformações que descaracterizaram completamente o cenário anterior. O processo provocou várias desapropriações e demolições na área. No entanto, terminadas as obras, era necessário recompor a paisagem. Sendo assim, a grama entra como material mais acessível em termos de custo de implantação e manutenção. Segundo conversa com a arquiteta Luciana Bragança, a grama instalada na Avenida Antônio Carlos é quase 90% grama do tipo esmeralda. Essa grama tem menor custo de mercado, cresce pouco e, devido a isso, tem menor necessidade de manutenção, além de ser uma grama de sol, o que dispensaria cuidados de proteção. Ainda segundo Luciana, seria necessário manter irrigação constante para que a grama de desenvolvesse bem.
A irrigaçao dessas áreas acontece em alguns caso exporádicos, quando é de interesse da Prefeitura, segunda funcionário da Gerência de Políticas de Transporte e Circulação, Lucas Milani. Como exemplo, um trecho do Boulevar Arrudas.
Essas áreas recebem tratamento diferenciado por alguns motivos. O primeiro deles é a questao econômica. A manutenção das áreas verdes, irrigação, limpeza, poda, replantio, é algo muito dispendioso para a Prefeitura, segundo Milani. Não existe estrutura na Prefeitura para manter essas áreas do ponto de vista econômico, pois não existe nenhum tipo de financiamento federal para áreas verdes. Ou seja, a manutenção é feita com recurso do Tesouro Municipal. Portanto, a Prefeitura opta por colocar nesses locais gramas mais resistentes que tenham menor custo de manutenção. A grama esmeralda é a mais utilizada, por ser mais resistente a seca e ser mais resistente ao sol, seguida pela grama amendoim, que menos utilizada pois demanda mais cuidados para seu estabelecimento. Além disso, as áreas de canteiro central e áreas residuais de vias nao recebem um tratamento paisagístico mais adequedo devido a questões estratégicas de expansão viária. Segundo Milani, a consolidação dessas áreas como espaços verdes impediriam futuras intervenções nesses trechos, caso fosse necessário, exemplo da Avenida José Cândido da Silveira, que teria sido criada para futura expansão viária, que foi impedida devido a consolidação da área como parque. No entanto, é de interesse da Prefeitura que essas áreas tenha alguma forração, prinicpalmente, para evitar carreamento de particulados e evitar erosões.
Segundo publicação do site do Governo Estadual, as áreas residuais das obras de duplicação da Avenida Antônio Carlos, no trecho entre o complexo da lagoinha e ao Bairro Cachoeira receberiam 1.500 árvores. Ainda assim, o tratamento paisagístico da área ainda é muito precário.