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Carolina Rossi

Após as manifestações populares que sacudiram cidades pelo mundo no início da primeira década do século XXI, da Primavera Árabe no Egito as Jornadas de Junho de 2013 no Brasil, um segundo momento está em processo: a transformação de tais manifestações em projetos alternativos não somente de poder mas de modos de planejar e gerenciar a cidade. Saiu-se de uma perspectiva centrada no momento presente e estão em marcha discussões e proposições de novas formas de transformar e estender tais momentos para a vida cotidiana, apontando para uma mudança duradoura e porque não, irrevogável, da vida nas cidades. Tendo em vista a tomada de consciência pelos diferentes atores sociais de que a cidade é locus da produção das mais diversas formas de viver se tornando assim epicentro de uma disputa entre poder público, poderes privados e sociedade civil organizada e não organizada, surgem propostas descentralizadas de democratização das formas de pensar e organizar a cidade. Particularmente na Espanha, país que tem um longo histórico de luta por uma politica micro-escalar de organização e democratização das decisões sobre o espaço e a cidade devido a experiência das organizações de vizinhança, a ideia municipalista surge como uma potencialidade que se replica em forma de apostas municipalistas eplo globo. Se tal experiência espanhola  vem desde o século XIX e fora interrompido mesmo após a ditadura, ela é retomada aqui no século XXI com as prefeituras cidadãs das quais Barcelona e Madrid são paradigmáticas porque são as maiores cidades espanholas.

Entretanto, esta experiência municipalista espanhola hoje encontra percalços muito relacionados a escala que as duas cidades citadas acima possuem: sistemas complexos de interação de mobilidade, educação, saúde entre outros e uma população de mais de 2 milhões de habitantes. Organizar tais decisões por mediações representativas efetivas e legitimadas pela própria população conectadas a possibilidades de exercício democrático direto são exercícios que se percebem necessários e encontram um espaço de discussão e implementação nas plataformas democráticas disponibilizadas pela internet. Plataformas que possibilitam novas idéias para a cidade serem imaginadas e discutidas, passando diretamente por processos de deliberação mediados pela mesma. Plataformas como: Madrid Decide, Democracy OS, Eu voto. Democracy 2.1, Demokratian, D-cent, Decidir Barcelona, Cidade que Queremos, Sonho brasileiro da política, etc.

Assim, várias cidades na Argentina, Brasil e mesmo na Espanha replicam tal ideía destas plataformas cidadãs na rede telemática como espaços de exercício democrático. Através de votações on-line, espaço para sugestões entre outros, tais plataformas não são apenas instrumentos de planejamento e gestão práticos da cidade, mas apontam para futuras apostas eleitorais as principais questões que permeiam o imaginários dos cidadãos.

Dando continuidade a iniciação cientifica anterior centrada nas maneiras como a política se tornou caso de polícia durante as manifestações de 2013 no Brasil e pelo mundo; e a pesquisa em curso financiada pelo CNPQ "Urbanismo de Guerra: Narrativas a partir de 2013" cujo objetivo é compreender o evento Jornadas de Junho de 2013 pela perspectiva do urbanismo e planejamento urbano, prestando atenção especial em suas consequências na formulação de novas políticas públicas pelo Estado a partir de então, este projeto tem como propósito fazer a analise das plataformas democráticas e sua dimensão espacial  e espacializante a partir das experiências espanholas e suas replicações  brasileiras e estrangeiras, tendo como principal interesse as possibilidades que as interfaces propõem de formas renovadas de produção e organização para produção espacial contemporânea.

SOBRE

EQUIPE

Coordenador da pesquisa

Frederico Canuto
Nattyelle Baêta

Bolsista de iniciação científica - FAPEMIG (2017)

Estudante de Arquitetura (2017)

Arquiteto e Urbanista, Professor Adjunto 02 do Departamento de Urbanismo da Escola de Arquitetura da UFMG. Lider do grupo de pesquisa Narrativas Topológicas

Estudante com Trabalho Final de Graduação em desenvolvimento

1o Bolsista de iniciação científica e estudante de Arquitetura e urbanismo pela UFMG. 

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Escola de Arquitetura, UFMG

Rua Paraíba, 697, sala 405B

urbanismoguerra@gmail.com

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